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CONFIRA A ENTREVISTA COM VICTOR HAGGAR

by Iaiá Queen° on Nov.22, 2009, under

O BLOG MAUS ELEMENTOS tem o prazer de entrevistar Victor Haggar que é sem dúvidas um dos grandes nomes do Rap Baiano.


BME - Desde quando e porque você se interessou pelo Movimento Hip-Hop?
Desde 1999 eu acho, desenhava muito quando era criança e na pré adolescência eu conheci o grafitte, na época eu escrevia umas loucuras no caderno, copiava letras de música que eu gostava pra cantar junto.
Depois de um tempo eu descobri que podia criar as minhas próprias letras.
Fui participando de grupos de rap, depois de tantas saídas e entradas aos 19 anos resolvi seguir carreira solo.
Quando eu comecei a compor eu sentia que era ali que eu me encontrava, onde eu poderia ver meu universo transmitido nas folhas de papel, era onde eu poderia ser alguém com uma missão especial de também ajudar as pessoas.

BME - Qual a importância da Eletrocooperativa na sua carreira?
A Eletrocooperativa foi a melhor escola que tive, me proporcionou as ferramentas e o ambiente pra que eu me tornasse algo além de MC, me ofereceu experiências que me adicionaram muito na minha bagagem musical, e como homem também, a formação que recebi lá levarei pra vida toda.
Lá conheci pessoas especiais que somaram em minha trajetória de forma direta e indireta, e isso é importante pra quem quer chegar longe.





BME - Como foi feita a produção e a seleção das músicas do disco NEIDANSHU?
Bom, quando comecei a minha carreira solo eu tinha já algumas coisas escritas, porém quando entrei na Eletrocooperativa eu comecei a produzir os meus próprios beats, eu senti que eu poderia aperfeiçoar ainda mais meu estilo pra poder combinar com a música que eu estava fazendo.
Lá vai eu de novo, reconstruindo, eliminando, adaptando, criando novos temas, tanto nas letras quanto nos beats.
Todos nós sabemos o quanto é caro lançar cópias de discos hoje, então eu pus as músicas pra download, gravei algumas em SP em 2008 e lancei o vídeo clip da música “Ronin”, as mais recentes gravei aqui em Salvador.
O disco tem ao todo 11 faixas, algumas com participações de amigos que eu admiro e que fazem trabalhos que me identifico: Roberto Cândido, Alexandra Pessoa, Roy, Dj Gug e Dj Dabeat.
E trás uma mistureba das coisas que escuto, reggae, soul, música regional, samba reggae, ragga murfin, funk, tudo isso na linha central do rap.

BME - O que o Rap Baiano representa pra você na atualidade?
Como podemos perceber existem coisas acontecendo, eventos importantes, encontros, alguns grupos estão realizando os trabalhos como deve ser, com profissionalismo e seriedade.
Existem pessoas que estão trabalhando muito, se doando para que o Rap da Bahia ganhe mais visibilidade e parta pra um outro nível.
Estamos num processo de reconstrução de pensamentos, de conceitos, estamos no gás, sinto que existe uma inspiração para se dar o próximo passo, ações empreendedoras, investimento, contatos, tudo isso faz parte.
Só acho que devemos ter cuidado na hora das composições, a falta de pesquisa e estudo musical não deve ser deixado de lado de forma nenhuma, o público repara, já não convence mais aquele papo de roupinha larga, “bota a mão pra cima e grita aí” , o público quer ir pro show e se sentir bem, quer ouvir algo que eles levem pra vida deles, eles somos nós, tudo é um só.
O imediatismo, faz com que agente se apresse em tomar certas atitudes, que não consolidam raízes firmes, devemos estar atentos a isso.
Fazer o melhor que se pode com o pouco que se tem, esse é um aprendizado super valioso pra mim, temos tudo pra crescer, o que vai fazer diferença é o nível de comprometimento que temos com o que nós fazemos.

BME - Você é um rapper muito querido pelo público, mas você com certeza já recebeu críticas sobre seu trabalho como você encara isso?
Extremamente normal, as críticas fazem parte da trajetória de quem pensa grande, quem luta muito pra conquistar os sonhos, elas são bem vindas sempre, mas existem formas e formas de se falar, criticar e continuar respeitando o trabalho do próximo é importante.
Penso que devemos filtrar o que vale a pena ouvir, por que se não você fica sem construir algo sólido, fica sem identidade.
É muito bom quando as pessoas te admiram quem você é, e admiram seu trabalho, por que aí o compromisso é maior, não é só o Mc que está ali no palco, mas o cara comum que tá no cotidiano das pessoas, fazendo parte dele direta e indiretamente e contribuindo de certa forma pro crescimento das mesmas.
As críticas que vem para destruir eu me esquivo de forma natural, quem tem boca fala o que quer, e escuto o que quero também, sou super seleto em relação ao que escuto, pode não gostar do meu trabalho, mas respeite-o!

BME - Quis as suas referências nacionais e internacionais?
Escuto muito, Spock, Opanijé, Niggaz, Daganja, Versu2, Kamau,Projota, Emicida, Slim Rimografia, Xará, ParteUm, BNegão e Seletores de Freqüência, Baiana System, Sine Calmon, Olodum, Timbalada, Carlinhos Brown, Edson Gomes, Black Alien, Marechal, Esquadrão Zona Norte, Damien Seth.
De fora escuto, Bob Marley, SOJA, Marley Family (Stephen, Damian, Kimany) Nach, ZPU, Lowkey, System Of a Down, Red Hot Chili Pepers, Eminem and Royal 59, Dr Dre, Mr. J, Cold Play, Kenny Arkana, NTM, Kool Shen, Valete, Jay-Z, SkyZoo, Tupac, Soprano, Steal Pulse, Groundation, All Green e outras coisas de reggae, funk e soul.


BME- MC, o que esse elemento simboliza pra você?
Eu nunca passei por essa fase que estou passando, é diante dos adventos que você
percebe se é um mc de verdade, não são só as rimas, o palco, as músicas, essa metamorfose se tornou pra mim algo muito maior.
Como posso dar meu melhor, nas coisas que crio, do jeito que sou e me comunico com o mundo e comigo mesmo?
Vou parar de rimar quando estiver velho, mas continuarei sendo mc por que minhas batalhas serão outras.
São muitas inspirações, e a forma da gente externar isso é a música, e devemos ter consciência do que essa música passa para as pessoas, é um eterno aprendizado onde viver com intensidade a vida da forma que tem que ser é uma missão grandiosa e eterna.


BME - Fale sobre Victor Haggar produtor musical.
No início de minha estrada como produtor foi um lance meio que forçado, já que eu não tinha ninguém pra fazer os beats pra mim do jeito que eu queria, comecei a arriscar, depois de um certo tempo eu vi que as pessoas estava curtindo, aí não parei mais de produzir.
Fico conciliando e evoluindo nos dois ao mesmo tempo, nas composições e nas produções musicais e isso amplia minha bagagem musical.
Eu misturo um pouco das coisas que curto e tem dado certo, já trabalhei com trilhas sonoras e Sound Design, um dia eu chego lá no campo do cinema, uma área que gosto muito.
Algumas pessoas gostam mais dos beats, outras gostam mais das letras, e outras gostam das duas profissões, dou sempre meu melhor nas duas, acho que por isso consegui chegar onde estou, e não paro por aqui, tem,
muita estrada ainda pra trilhar.

BME - Esse ano foram lançadas duas músicas, Meu Chamado e Haggar
Ponto Aço. Vem mais novidade por aí? Quais os projetos futuros?
Sim, estou trabalhando com parcerias, e ao mesmo tempo eu desenvolvo meu trabalho dentro dessas parcerias, conciliando uma coisa com a outra, já tem coisa sendo aprontada, por ora eu digo que vem coisa boa por aí, é só uma questão de tempo pra consolidar ainda mais algumas coisas, mas estou produzindo e compondo novas canções pra ampliar o repertório.
Por enquanto nada de disco novamente, a meta agora é tocar e espalhar ainda mais as músicas, criar novas composições e irradiar ainda mais a força do trabalho.


BME - O que você diria para quem está começando agora?
Apesar de eu também estar no começo de minha carreira lá vai umas coisa
s que eu acho importantes:
1- Vamos tomar vergonha na cara e investir nos instrumentais, ao invés de comprar boné de 150, e calça de 200, invista no seu trabalho para que ele seja diferenciado e reconhecido, já temos ótimos beatmakers aqui, quer seu trabalho bem visto? Valorize-se!
2- Não tenha pressa, dê o melhor de si em cada composição, é seu nome que está ali, fazendo isso já é um grande passo pra receber respeito do público, o melhor legado que você pode deixar é a música, faça valer a pena.
3- Faça com amor, valorize seu trabalho e busque sempre ser mais, não copie o estilo de ninguém, encontre o seu.
4- Seja humilde pra ouvir quem está na cena a mais tempo, absorva as idéias, veja exemplos de quem ta acertando e coloque isso em sua realidade.

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